sábado, 6 de março de 2010

Caminhando com o Metrô

Prezados colegas,
como julgo sempre ser, as análises são pessoais. Esta, minha segunda neste espaço, está, digamos assim, mais compromissada com um questionamento livre, do que propor efetivamente alguma ação ou chegar a alguma resposta de natureza prática.

Eu poderia discutir dos terremotos nos últimos 40 dias que ocorreram em diversas partes do globo, mas acho que não iria diferenciar-se muito do que escrevi aqui antes (análise de 21/jan), já que os terremotos existem pelo menos há 3,5 bilhões de anos.

O título em si já é uma ironia. Eu poderia escrever "caminhando no metrô" ou ainda "caminhando pelo metrô" fazendo alusão a situações parecidas, por exemplo, como esperar a composição chegar. Afinal, caminhar dentro do metrô não é possível dada a sua lotação e seus intervalos de cansar qualquer forrest gump tupiniquim. Por sua vez, "caminhando com o metrô", na minha ótica sugere uma ironia ainda maior. Estamos todos caminhando, em uma visão positivista de progresso inexorável. Assim, eu e a empresa que administra o serviço, e você também (você, meu único leitor - parafraseando alguém que não me lembro!) estamos caminhando para o progresso...

... "Caminhando com o metrô" também nos fornece a idéia de lentidão, ou um eufemismo, "falta de rapidez". Falta tanta rapidez ao metrô que se um sujeito "em forma" apostar corrida com uma composição da Praça Onze que não existe até São Cristóvão eu acho que dá empate! Se for o U. Bolt, óbvio que a Jamaica ganha!

Mas de onde vem essa lentidão do metrô, tão aclamado antigamente? Eu usuário quase diário do trem e usuário do metrô em intervalos semanais (mas usuário diário antigo, de 1991 a 1997, na época da CPII Centro) digo que hoje em dia, está páreo duro para ver qual é o "melhor"! Se não houver colisão, e se o trem não viajar sem condutor, o trem coreano com ar condicionado siberiano é bem melhor do que o metrô. Sem ironia e o siberiano é um adjetivo elogioso da minha parte.

Mas a pauta é a lentidão. O intervalo maior e as estações lotadas é derivação da política estadual acerca da nova conexão (que liga diretamente, sem baldeação na estação Estácio, a zona norte a zona sul passando pelo centro). Afinal, a inauguração da conexão foi rápida, mas e a conclusão da obra? Ainda não terminou! É como jogar a copa de 2014 no maracanã sem os vestiários prontos.

Será que esta conexão é segura? Em que nível? Pelo que dizem opinões contrárias estamos então "caminhando com o metrô" e com os riscos. Na minha análise, com os riscos tecnológicos. Ou como dizem os franceses "risques technologiques majeurs" .

Adiciono a seguir um link para um video que mostra o professor McDowell da UFRJ levantando questionamentos (que foram utilizados pelo Ministério Público [MP]) importantes. A conexão nova tem fases operadas manualmente (é possível passando de ônibus nos viadutos que ligam a Av. Pres. Vargas até a Praça da Bandeira e vice-versa observar os funcionários do metrô diuturnamente ali, operando manualmente o sistema) e isto agrava as situações de riscos.

Videocasts - METRO



A Agetransp parece apenas ser uma figurante. Não sei se o MP vai engrossar mesmo com o metrô. Impossível é deixar de ir e vir. Submetemo-nos, assim, não somente ao risco tolerável, mas ao risco aceitável, em função da inevitabilidade do uso do sistema, por nossa parte.

Submetemo-nos às situações da política. A mesma que gera oportunidades e riscos.

Sobre a linha 3: um artigo AQUI em .pdf
Artigo Jornal: Fora de Controle
Artigo Jornal: Agetransp




Cleber Marques de Castro
http://sites.google.com/site/georiscos/

2 comentários:

  1. Grande Cléber:

    O problema do metrô parece ser a tônica dos serviços públicos fluminenses. Convivemos com frequentes interrupções no fornecimento de água, energia, telefonia... Estamos diante de uma grande fragilidade do Estado em regular os serviços públicos.

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  2. Fato. Para usarmos um pleonasmo bacana: fato verdadeiro. Nós que somos dalits estamos mesmo na boca do lobo. O estado precisa ter mais controle, mas este controle do estado tem que ser sinônimo de controle público.

    Desviando um pouco do assunto, mas relaciona-se com a tal fragilidade do estado, e que me assusta muito... é ver por aí, jovens estudantes universitários com quem tenho contato em sala de aula discutir ditadura e ideais fascistas e integralistas como a solução para problemas do Brasil. Caramba! Vamos todos pro limbo!

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